quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

DEFICIENTES VISUAIS FAZEM CURSO PARA SEREM JURADOS NO CARNAVAL DE SP


Quem vai julgar são os ouvidos que não se distraem por nada. Eles se concentram no samba, na cadência e no ritmo e percebem detalhes que antes acabavam ofuscados pela grandiosidade das fantasias e das coreografias. Esses jurados, muito especiais, já estão sendo treinados em São Paulo. 



Esqueça as imagens só por um momento. Preste atenção apenas no som. De todos os nossos sentidos, a visão é a que mais ocupa o cérebro. Sem ela, as outras ficam aguçadas. Com base nesse conhecimento científico, um grupo de cegos começou se preparar para exercer uma função importante. A partir do ano que vem, eles serão jurados dos desfiles das escolas de samba de São Paulo.


Carnaval após carnaval, as baterias foram se sofisticando, com roupas mais elaboradas, coreografias. Esse espetáculo começou a influenciar quem deveria julgar só o som. No carnaval de 2011, em São Paulo, a cabine dos jurados do quesito “Bateria” foi vedada. Eles não viram a escola passar e, aí sim, conseguiram perceber quem era melhor. Daí nasceu a ideia.

O auxiliar de produtos Diego Castro ficou cego há quatro anos e percebeu que a audição mudou. “Ela passou a ser mais atenta. É notar detalhes que antigamente eram imperceptíveis. Isso, para um jurado, é muito bom”, destaca.

O curso começou com a parte teórica – o que é obrigatório? O que faz a escola perder pontos? “A gente tem que avaliar se houve erro. A característica a gente não avalia. É só se ela se apresentou de uma forma correta ou não”, ensina o professor.

As instruções foram gravadas em CD e, em novembro, começam as aulas práticas, nas quadras das escolas. É lá que eles vão ser treinados a ouvir a bateria inteira e a separar cada som. Giovanna Maira é cantora lírica, formada em música pela Universidade de São Paulo (USP), e vai cair no samba. “Para mim, vai ser mais do que uma estada na Avenida para julgar alguém. Para mim, vai ser uma diversão”, comemora.

O engenheiro de produção Airton Luiz Rio Branco vai cantar “Avenida, aqui me tens de regresso”. Sambista desde garoto, ele se afastou quando ficou cego. Agora volta como jurado. Ele mudou de lado, mas jura que foi por amor. “Não é nada pessoal, ao contrário. É uma forma de voltar a minha inserção e poder fazer algo pelo samba”, disse. “Eu acho que vai causar impacto aí. Vão ter que tocar bastante e vão ter que tocar bem”, afirma o funcionário público Ubijara Domingues. Vai ser bom para os ritmistas e para todo mundo que gosta de samba.

Esses jurados receberão uma ajuda de custo de R$ 400 por dia trabalhado no carnaval, mas nada vai pagar a emoção de julgar um dos quesitos mais importantes da escola.

Matéria completa: Bom dia Brasil
Imagen: google

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