Deficientes Visuais realizam aula prática de monitor de turismo
Oferecer novas oportunidades. Esta é a meta realizada pela Prefeitura de Guarujá ao inserir o deficiente visual Miguel Almeida Flazio, de 12 anos, no curso de monitor local da Serra do Guararu, aplicado pela Secretaria do Turismo e parceiros.
As atividades foram conduzidas por técnicos da Secretaria Municipal do Turismo, na Ermida do Guaibê. Para a oportunidade, foi preparado um treinamento especial para o jovem, que dura há aproximadamente 45 dias. Além de uma apostila adaptada para ajudá-lo nas aulas teóricas, Miguel recebeu também aulas de biologia, recreação, fauna e flora, trilha, primeiros socorros, entre outros.
Por ser um monitor especial, Miguel terá de ser acompanhado por outra pessoa durante o passeio e só poderá conduzir até quatro crianças com o mesmo tipo de deficiência. Na ocasião, é trabalhado o órgão sensorial mais importante para pessoas com deficiência: o tato. A percepção tátil é o maior meio de acesso do deficiente visual as informações de que precisa para viver.
O tato se torna o principal sentido sensorial durante o percurso.
No início do percurso, Miguel explica aos visitantes sobre como será o passeio. Além disso, o visitante também tem a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre as lendas da Serra do Guararu e como vivia o Padre José de Anchieta.
O passeio foi feito através de uma corda instalada no meio da vegetação, onde cada nó representa uma parada. Histórias sobre a importância das folhas, maneiras de como o ser humano pode interferir no meio ambiente e até tocas de animais são trabalhados durante a aula.
Um dos pontos mais emocionantes da visita foi quando o monitor-mirim pediu às crianças que abraçassem a pedra para obter um contato maior com a natureza. Após a explicação, Miguel realiza um pequeno piquenique com as crianças
Para Miguel, a parte mais importante do passeio é poder dar um pouco mais de informação sobre a natureza para as pessoas. “É legal contar as histórias daqui e ensinar como se deve preservar a natureza”, disse. Porém, Miguel não esconde sua maior paixão: o futebol. “Quero ser jogador de futebol, quando crescer”, confessou.
A mãe de Miguel, Claudenice Oliveira Almeida Flazio, conta que o filho demonstrou vontade de iniciar o curso por influência sua. “ Quando fiz o curso da SOS Mata Atlântica, ele ia comigo. A partir daí, gerou uma vontade em fazer este curso também”, disse.
Claudenice conta ainda sobre a emoção de ver o filho durante o treinamento especial. “Fiquei emocionada em saber que ele iria fazer o curso. É muito difícil uma criança com deficiência ter uma oportunidade. E ele conseguiu”, comemora.
Conseguir incluir os deficientes visuais na sociedade foi o principal motivo que levou a gestora de projetos da Secretaria de Turismo, Silvia Regina Cabral, a desenvolver as aulas especialmente para o jovem. “ Inclusão é entender o que acontece e contribuir de alguma forma, apesar dos problemas”, disse.
A gestora de projetos contou com orientação pedagógica da professora de educação especial, Magda Brilhante da Silva, para conseguir preparar as aulas. “As crianças cegas interpretam as aulas de meio ambiente, somente o básico, como jogar o lixo na lixeira. Não existe um contato direto com a natureza. Este trabalho deve ser feito de uma maneira diferente”, finaliza.
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